Projeto da ABDV, que visa capacitar deficientes visuais para atuarem na
área de massagem em Brasília, recebe nova integrante para auxiliá-los a
explorar o tato de maneira sensível e consciente
Também conhecida como massagem
terapêutica, a massoterapia tem ganhado cada vez mais espaço em clubes, spas e
ambientes de relaxamento em Brasília. Muito mais do que ambientes climatizados
e as “mãos mágicas” do profissional, a especialidade exige pleno conhecimento
do corpo humano, além das emoções e sensações provocadas pela repetição de
movimentos.
Pensando nisso, a Associação
Brasiliense de Deficientes Audiovisuais (ABDV) passou a contar com uma nova
integrante em seu quadro funcional para auxiliar as atividades do projeto
Brasília Tátil: Cultura Solidária – a pedagoga, arte-educadora, artista plástica Telma Romão. Ela ainda tem mestrado em artes cênicas com deficientes visuais no Rio Grande do Norte. Nesta etapa,
os alunos deficientes visuais aprendem que o corpo deve ser tratado como um
templo para que se atinjam os benefícios típicos da massoterapia. O trabalho que ela desenvolveu foi voltado para consciência corporal.
A artista Telma Romão relata
que suas aulas abordam a consciência corporal e a representação simbólica e
metafórica do corpo para os aprendizes cegos. “Durante o curso, buscamos
compreender o corpo como um mapa dos nossos sonhos e da nossa história. Portanto,
o massagista precisa compreender que a consciência do corpo é a consciência de
lidar com a história de cada um com quem você entrará em contato. E essa
história diz respeito às suas dores, às suas alegrias, aos seus medos. Nosso
trabalho é, basicamente, para que nossos alunos se sensibilizem para perceber
que eles vão estar provocando emoções e sensações, que terão papel importante
de cura, de transformação, de alívio”, comenta.
O presidente da ABDV, César
Achkar, explica que o projeto de qualificação dos cegos chegou em uma etapa
importante e tem buscado novos parceiros para o ingresso no mercado de trabalho
dessas novas mãos de obra. “Esse aprendizado de como explorar o corpo de
maneira respeitosa e voltada para o bem-estar é imprescindível. É importante
que se olhe para o corpo do outro como um templo sagrado, com todos os cuidados
por estar atingindo uma área estritamente cheia de informações”, revela.
Embora o tato não seja em si uma
emoção, seus elementos sensoriais induzem alterações neuronais, glandulares,
musculares e mentais que, combinadas, denominamos emoção. Por meio da massoterapia,
ganham-se inúmeros benefícios, como alívio de dores musculares, estimulação da
circulação sanguínea e prevenção de distensões e lesões, que podem acontecer por
causa excesso de tensão.
Telma Romão afirma que suas aulas
têm sido cada vez mais objetos de estudo e análise para aprimoramento das
técnicas psicoterapêuticas. “O grupo por vezes é receptivo, por vezes se
assusta, porque no caso estamos tocando no corpo. Mas eles têm sido muito
tranquilos em relação a isso. De repente se veem tocando no pé do outro colega,
sem imaginar que poderiam estar tocando em uma área tão íntima. Essa
consciência do próprio corpo é algo que temos percebido no decorrer das aulas. Existem
resistências que são supersaudáveis, nenhum tipo de comportamento eu vejo como
reação negativa, tudo é material de estudo, de abordagem, de análise de
comportamento de uma história”, avalia.
O curso do Brasília Tátil está na
reta final. Daqui a pouco, o mercado de trabalho brasiliense estará repleto de
profissionais voltados para áreas de massagem e massoterapia. Fique ligado!
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