Em fase de estágio obrigatório pelo projeto Brasília Tátil, alunos com
deficiência visual praticaram massoterapia e massagem expressa no Jardim
Botânico
O tempo chuvoso não impediu que
mais de 90 pessoas visitassem o projeto Brasília Tátil Cultura Solidária na
casa de chá instalada no Parque Jardim Botânico neste fim de semana.
Como parte
do estágio obrigatório do curso de capacitação profissional em massagem
expressa e massoterapia, patrocinado pelo Instituto Cooperforte, alunos com
deficiência visual tiveram a oportunidade de colocar em prática o que
aprenderam em sala de aula e revelar que estão prontos para o mercado de
trabalho.
A Associação Brasiliense de
Deficientes Visuais (ABDV), responsável pelo projeto, tem se orgulhado do
desempenho dos formandos. “Este é o momento crucial do projeto como todo, pois
é agora que os alunos trabalham pra valer, lidam com os mais variados públicos
e ganham mais respeito, mostram o que aprenderam. Todos nossos colegas estão de
parabéns pelo esforço e dedicação”, comemorou o coordenador e integrantes da
ABDV, César Ackhar.
A fonoaudióloga Angela Maria Lima
foi uma das atendidas e só teceu elogios ao projeto. “Já fiz massagens com
outras pessoas, mas senti que desta vez foi diferente, mágico. Afinal, o tato
destes profissionais é mais aguçado. Eles sabem como as tensões musculares
estão nos afetando, quais movimentos terapêuticos devem ser aplicados. Adorei.
Ah, sem contar também a simpatia do massagista”, brincou.
Angela se referia à massagem do
aluno Luciano Domingos, de 47 anos. Ele possui apenas 30% da visão após ter
sarampo na infância. Antes do Brasília Tátil, ele já tinha conhecimento da
massagem. Com o projeto, agora está se especializando. “Temos sempre que
reciclar, ficar atento às novas técnicas. Estou muito feliz de fazer parte do
Brasília Tátil. E estou mais que preparado para ingressar no mercado”, revelou.
A empresária Bernadette Brandão é
de Salvador e ficou maravilhada com a iniciativa da Associação. “Simplesmente
espetacular”, resumiu.
Outros depoimentos foram
semelhantes ao da empresária. Sérgio Gomes, dono de um restaurante vegetariano
em Brasília, até se inspirou em poesias para declarar o que achou do projeto. “Tem
certas coisas que só o cego pode ver. Os olhos são para sombra. E para luz abra
o coração”, recitou.
O estágio está sendo
supervisionado pelo professor e fisioterapeuta Clodomir Moraes. “Com o curso,
queremos passar para estes alunos que a intenção do nosso trabalho é o cuidado
com o próximo, sem qualquer apelo sexual. Como a massagem pode ser
transformadora tanto para quem pratica quanto para quem recebe, como enxergar o
outro e suas necessidades e, assim, vamos quebrando paradigmas e formando
profissionais altamente capacitados”, afirmou.
Haverá outro fim de semana com
estágio obrigatório dos alunos formandos do Brasília Tátil: nos dias 28 de
fevereiro e 01º de março, será aberta mais uma chance para o público conhecer este
trabalho. As sessões são gratuitas e serão realizadas das 09h30 às 16h no
Jardim Botânico. Recomenda-se o uso de traje de banho.
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